Movimentos no 5º Seminário pela Paz em Guantánamo emitem declaração de compromissos

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Reunidos em Guantánamo, Cuba, entre 4 e 6 de maio, delegados de mais de 30 países discutiram a militarização do planeta no âmbito da política imperialista dos EUA e seus aliados durante o 5º Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras. Ao fim do evento, que surtiu importantes compromissos de luta, os participantes emitiram uma declaração final que guiará uma coalização fortalecida nesta frente. Leia a íntegra do texto a seguir. 

Um mundo de paz é possível

O V Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras foi realizado novamente em Guantánamo, a mais oriental província cubana e primeira trincheira anti-imperialista da América por ter uma parte do seu território ilegalmente ocupada por uma base militar estrangeira, contra a vontade de seu povo.

Esta nova edição do Seminário teve um total de 217 participantes de 32 países, entre os quais, líderes do Conselho Mundial da Paz (CMP) e de suas organizações membro, assim como personalidades, lutadores pela paz, anti-belicistas e amigos solidários a Cuba procedentes de Angola, Argentina, Austrália, Barbados, Bolívia, Botswana, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Colômbia, Ilhas Comores, Cuba, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Guiné-Bissau, Guiana, Honduras, Itália, Japão, Kiribati, Laos, México, Nicarágua, Palestina, Porto Rico, RASD (República Árabe Saráui Democrática), República Dominicana, Ilhas Seychelles, Suíça e Venezuela.

Os participantes constataram que o evento ocorreu no contexto de uma situação internacional complexa, essencialmente caracterizada pela permanência da agressividade do imperialismo estadunidense e de seus aliados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que tentam reconfigurar um novo mapa do mundo de acordo com seus interesses geopolíticos e geoestratégicos, pelo que aumentam sua interferência em nações de todos os continentes e a opressão dos seus povos.

Para atingir esses objetivos de intervenção, dominação e chantagem contra os povos do mundo, o imperialismo baseia-se em um conjunto de ferramentas, entre as quais sobressai a proliferação de bases e instalações militares em muitos países do mundo.

Em essência, são os Estados Unidos, país que detém o maior número de bases ao redor do globo, seguido por seus parceiros imperialistas da OTAN, e que tem o maior arsenal nuclear na história da humanidade.

A isto se soma a persistência da aguda crise econômica do capitalismo que, entre os seus piores efeitos, fez aumentar a pobreza, a fome, a pobreza e as desigualdades nos países do chamado Terceiro Mundo.

As guerras intervencionistas têm afetado a estabilidade de vários países do Oriente Médio e da África, provocando, como consequência, os fenômenos migratórios massivos e desordenados que causaram a morte no mar de um grande número de imigrantes que procuraram refúgio nos países europeus, que de modo geral os rejeitaram.

A este contexto global instável se soma agora a presença de um novo governo republicano em Washington que tem gerado inúmeros questionamentos, críticas e um grande ceticismo, e cujas ações militares mais recentes fazem soar os tambores de uma guerra de consequências devastadoras para a humanidade.

Na América Latina e no Caribe, o imperialismo e seus lacaios da vez entre as oligarquias nacionais em vários países tentam reverter o processo de mudanças progressistas iniciadas por forças de esquerda já há mais de uma década, e pretendem restaurar as políticas neoliberais que tanto dano causaram ​​aos povos da região.

Para isso, o império e seus acólitos apelam a uma suja guerra econômica, política e midiática, com o objetivo de confundir os povos e destruir o tecido das conquistas sociais de governos progressistas na Venezuela, Bolívia, Brasil, Argentina, Equador, Nicarágua e outros, onde hoje se dirime o futuro de toda a região.

Neste contexto, cobra maior vigência a proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz adotada pela Segunda Cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) realizada em Havana, em janeiro de 2014, como o compromisso político de maior envergadura adotado por todos os Estados latino-americanos e caribenhos, reafirmado nas declarações emitidas na Quarta Cúpula, realizada em Quito, Equador, em janeiro de 2016, e na Quinta Cúpula, realizada em Punta Cana, República Dominicana, em janeiro de 2017.

Reconhecendo as pessoas no mundo que lutam pela abolição das bases militares estrangeiras e, pelo exposto antes, o V Seminário Internacional apela a redobrar a luta contra as agressivas ações imperialistas que ameaçam a paz mundial.

Os combatentes pela paz reunidos em Guantánamo também NOS COMPROMETEMOS A:

• Denunciar sistematicamente a agressão e a ingerência econômica, política e militar do imperialismo estadunidense e de seus aliados da OTAN.

• Alertar os povos sobre os perigos de uma conflagração nuclear mundial com consequências incalculáveis ​​para a humanidade.

• Exigir o fechamento de bases, instalações e enclaves militares estrangeiros e a retirada imediata das tropas de ocupação estrangeira de países onde estão destacadas.

• Continuar demandando aos EUA a devolução a Cuba e ao seu povo do território ilegalmente ocupado pela Base Naval de Guantánamo e o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro.

• Ampliar a divulgação do conteúdo da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz dada a sua atualidade e vigência no contexto político latino-americano e caribenho.

• Fortalecer a luta mundial contra o terrorismo, denunciando que suas ações beneficiam os objetivos do imperialismo.

• Multiplicar as ações da campanha internacional por um mundo de paz, sem armas nucleares, químicas ou biológicas e revelar a sua presença em bases e instalações militares estrangeiras.

• Denunciar as ações contra o meio ambiente e a saúde das populações onde estejam encravadas as bases militares estrangeiras.

• Expressar a mais ampla solidariedade com os países e povos sob dominação colonial no Caribe e América do Sul onde haja presença militar estrangeira, como em Porto Rico e nas Ilhas Malvinas, Geórgia e Sandwich do Sul.

• Manter a denúncia das ações intervencionistas do imperialismo e da oligarquia contra-revolucionária na Venezuela destinada a destruir o processo bolivariano, o que também representa uma clara ameaça à paz na região.

• Incentivar a solidariedade com outros processos progressistas da América Latina e do Caribe e o processo soberano de integração regional, hoje ameaçados pelo imperialismo.

• Continuar a prestar o mais decisivo apoio à conclusão bem sucedida do processo de paz na Colômbia.

• Condenar as políticas protecionistas e as ameaças do novo governo estadunidense contra os migrantes.

Os participantes do Quinto Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras concordaram em transmitir saudações fraternas e reconhecimento ao povo de Guantánamo e suas autoridades pela recepção calorosa e as facilidades estendidas para a conclusão bem sucedida do evento.

Também estenderam suas saudações ao povo cubano, que continua a realizar um esforço árduo por alcançar uma sociedade socialista mais justa, próspera e sustentável, e prestaram homenagem à memória do líder indiscutível da Revolução Cubana, o Comandante-em-Chefe Fidel Castro Ruz.

Guantánamo, Cuba, 6 de maio de 2017

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