Depois de realizar exitosa Assembléia Nacional em julho e conduzir a agenda do Conselho Mundial da Paz (CMP) em diversas atividades, o Cebrapaz realizou neste sábado (19/9) reunião da sua diretoria, onde construiu o plano de ações para o ano, com base nos eixos aprovados na Assembléia Nacional e em sua declaração final, e elegeu o corpo diretor executivo que conduzirá as lutas antiimperialistas e pela paz no próximo período.
Por Luana Bonone*
Realizada na sede do Cebrapaz, a reunião começoucom um detalhado informe da presidente da entidade, Socorro Gomes, sobre osurgimento do movimento mundial de luta pela paz, a criação do Cebrapaz emdezembro de 2004, e os principais marcos de sua atuação desde então: campanhascontra as guerras de agressão ao Afeganistão, ao Iraque, ao Líbano e àPalestina; participação no Fórum Social Mundial (FSM) em Porto Alegre em 2005,com contundente denúncia do então presidente dos Estados Unidos, George W.Bush, pelos crimes contra a humanidade, e a realização de uma ConferênciaMundial da Paz que reuniu mais de duas mil pessoas e representações de mais de30 países; participação no Fórum Social Brasileiro em 2006, ingresso doCebrapaz na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), e a participação no FórumSocial das Américas em Caracas (Venezuela) no mesmo ano; finalmente, foiressaltada a ativa presença do Cebrapazna Assembléia do Conselho Mundial da Paz, em Caracas, onde Socorro Gomes foi eleitapresidente do CMP.
A reunião procedeu ao balanço também dasatividades de solidariedade a Cuba, à Venezuela e à Bolívia.
Por fim, Socorro ressaltou a participação doCebrapaz no FSM de 2009, em Belém (PA), onde realizou campanha contra a 4ªFrota e a militarização promovida pelos Estados Unidos e pela Organização do Tratadodo Atlântico Norte (OTAN), que instalam bases militares em diversos países domundo. No mesmo Fórum foi lançada campanha pela condenação de Israel por crimesde guerra
Eixos da lutapela paz
Feito o relatório de atividades, a presidente doCebrapaz discorreu sobre a atual luta pela paz, que tem por centro a campanhapela erradicação das armas de destruição em massa, “a começar pelas grandespotências”. Socorro destacou que não é suficiente a campanha pela “nãoproliferação” das armas de destruição em massa, pois um grupo seleto depoderosos países possuem hoje armas capazes de destruir o mundo inúmeras vezese hipocritamente condenam países que realizam experiências nucleares com finspacíficos.
Outra bandeira que está na ordem do dia é acampanha contra a militarização do mundo, pelos Estados Unidos e a OTAN,atravésda instalação de bases militares em diversas partes do mundo, e também por meioda reativação da Quarta Frota, aparato militar naval que, junto com as basesmilitares estadunidenses, promove um verdadeiro cerco à América Latina. E oterceiro eixo de ação do Cebrapaz em termos de solidariedade internacional é acampanha contra as guerras imperialistas, como as que ocorrem hoje ainda noIraque e no Afeganistão e contra a ocupação da Palestina por Israel.
Em seguida, o diretor do Cebrapaz Rubens Dinizfez a apresentação do plano de ação da entidade, que prevê a intensificação dacampanha contra a Quarta Frota e as bases militares estrangeiras, que terá comoimportante etapa uma Conferência Internacional em dezembro, quando o Cebrapazcomemora o quinto aniversário de fundação. Sob o lema “A América Latina é dePaz – Fora Quarta Frota e Bases Militares Estrangeiras”, a Conferência contarácom a presença de entidades e personalidades nacionais e internacionais eproduzirá um livro e um vídeo. Foi proposta também a realização de uma caravanapela América Latina. O livro e o vídeo serão lançados nas atividades decomemoração de 10 anos do FSM, que ocorrerão simultaneamente em Porto Alegre (RS) eem Salvador (BA) em janeiro de 2010.
Onze estados na reunião
Após a intervenção da presidente, diretores deonze estados diferentes discorreram sobre os desafios de estruturação dos núcleosdo Cebrapaz nos estados e a necessidade de ampliação da luta pela paz. Foramlistadas atividades e novas adesões de conselheiros na Bahia, Ceará, MinasGerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Pará, Brasília,Acre e Paraná.
O plano de Ação foi aprovado por unanimidade e,por fim, a proposta de nova executiva do Cebrapaz foi apresentada e aprovadapelo conjunto dos diretores por aclamação.
Executivaeleita:
Presidente: Socorro Gomes (eleita na Assembléia Nacional, em julho, no RJ)
Vice-presidente: Paulo Guimarães
Secretaria Geral: Rubens Diniz
Patrimônio e Finanças: Sandra dos Santos
Diretor de pesquisa: Ronaldo Carmona
Diretor de Relações Sociais: Ricardo Abreu(Alemão)
Diretor de Relações Sindicais: Joel Batista
Diretor de Comunicação: José Reinaldo Carvalho
Intervenções:
AntônioBarreto (BA): “Todos os estados têmque realizar suas assembléias estaduais, para atualizar o debate, agregar novaspessoas e entidades, eleger o núcleo e ampliar o conselho do Cebrapaz.”
Joaquina Barata(PA): “O Plano de Ação deve ser estratégico,com visibilidade a elementos que ajudem a ampliar a luta pela paz”.
AlexandreBraga (MG): Precisamos reproduzir aAssembléia Nacional do Cebrapaz realizada em julho nos estados, com semináriosem universidades, associações comunitárias, sindicatos, etc. E precisamosaprofundar mais o debate sobre a África.”
SilviaVicente Macedo (PR): “No Paraná,participaremos da 1ª Semana Americana de Solidariedade com os Povos, de 6 a 12 de outubro em Curitiba.”
HildoMontezuma (AC): “Quero valorizar aparticipação das mulheres, que compõem 50% do público desta reunião. A lutapela paz está associada à luta pela emancipação da mulher.”
TeresinhaBraga Monte (CE): “Precisamos ampliar arelação com os movimentos sociais, apresentar as pautas de lutaantiimperialista e pela paz, mas tomando o cuidado de não nos diluir em meio àsdiversas mobilizações”.
ReginaAbraão (RS): “A Unegro é a grandeparceira do Cebrapaz no RS. Faremos um ciclo de debates sobre a luta pela paz nospaíses africanos a partir de outubro.”
RonaldoCarmona (SP): “Estas bases militaresdos Estados Unidos e da OTAN formam uma verdadeira rede mundial para odeslocamento de tropas norte-americanas. São rotas de acesso para a promoção deagressões, que servem à estratégia de guerra dos EUA.”
SôniaLatgê (RJ): “O Cebrapaz precisapautar também a Conferência Nacional de Comunicação, pois a luta pela pazpassa, necessariamente, pela luta de idéias, e para travar esta, precisamosdemocratizar os meios de comunicação no Brasil.”
AugustoViana (MG): “O Cebrapaz tem quefazer uma caravana pela América Latina com o tema da campanha contra a 4ª Frotae as bases militares, pois diz respeito a toda a região”.
SenderJacauna (AM): “A cidade colombiana deLetícia faz divisa com a cidade brasileira de Tabatinga, onde montamos umnúcleo. Ao entrar em Letícia é possível perceber que a Colômbia vive mesmo umaguerra, até as casas estão armadas”.
Ana MariaPrestes (MG): “Precisamossensibilizar mais os movimentos sociais para as pautas antiimperialistas, quemuitas vezes não estão no cotidiano das entidades. Para tanto, precisamospautar questões nacionais que têm relação com esta luta, como a criminalizaçãodos movimentos sociais e a violência urbana”.
Iberê Araújo(DF): “Fizemos uma excelente atividade emfrente à embaixada de Honduras para prestar solidariedade ao povo e denunciar ogolpe. Diversas entidades participaram, como a UNE, a CUT, a CTB, etc.Precisamos envolver essas entidades em mais pautas, casar o debate do pré-Salcom o da 4ª Frota. Precisamos nos aproximar mais também de entidadesreligiosas, especialmente de origens africana e ameríndia”.
José Reinaldo Carvalho (SP):“Devemos ter a solidariedade como valor supremo. Nossa luta é pela paz e contraa guerra antiimperialista. Somos, portanto, a favor da rebeldia dos povos, poisa essência do pensamento do Cebrapaz é o antiimperialismo”.
Joel Batista (SP): “Devemos ter umaboa intervenção no 2° Encontro Nossa América, que reunirá 22 países entre 22 e24 de setembro, na véspera do Congresso da CTB”.
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*Jornalista