Parte da Semana Mundial de Solidariedade à Revolução Bolivariana, convocada pela Articulação dos Movimentos Sociais da Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), o debate da quinta-feira (5/3), em São Paulo, foi profícuo e abordou as lutas dos latino-americanos enquanto parte do processo integracionista. Os participantes ressaltaram que a avaliação da conjuntura na América Latina, especialmente na Venezuela, deve servir à mobilização popular na defesa dos rumos progressistas em diversos países, como é o caso também do Brasil.
No debate, realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e pelo Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, participaram a presidenta do Cebrapaz, Socorro Gomes, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Igor Fuser e o jornalista e editor do portal Opera Mundi, Breno Altman. Esteve presente também o cônsul da Venezuela, Robert Torrealba.
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O evento aconteceu no aniversário de dois anos desde a morte do líder venezuelano Hugo Chávez, o que colocou seu legado no topo da pauta. Os debatedores analisaram o histórico em que os latino-americanos e caribenhos construíram um novo posicionamento internacional e regional, investindo na soberania nacional e na integração como instrumentos de melhoria das condições de vida.
Socorro Gomes enfatizou a transformação da América Latina desde a chegada de Hugo Chávez ao governo, em 1998. Para a presidenta do Cebrapaz, o papel de Chávez foi fundamental no impulso ao processo integracionista, contestando a influência do imperialismo no continente, até então considerado o seu quintal. Socorro acaba de retornar da Venezuela, onde esteve em uma missão de solidariedade, como presidente do Conselho Mundial da Paz. Ela pontuou os avanços mais relevantes e visíveis do país nas áreas sociais, como a educação, a saúde e o emprego, sobretudo a partir da apoderação, por parte dos venezuelanos, do seu principal recurso, o petróleo, antes nas mãos do capital privado e internacional.
Breno Altman ponderou os avanços e os desafios ainda enfrentados tanto pelos venezuelanos quanto por brasileiros, no contexto da contraofensiva da direita e da oligarquia aliadas ao imperialismo estadunidense. Para o editor, que enfatizou questões delicadas do processo revolucionário na vizinha Venezuela e no Brasil, os obstáculos que se apresentam assentam-se primordialmente em questões econômicas que precisam ser dirimidas, pois deixam o país e a sociedade vulneráveis tanto às crises reais quanto às manipulações midiáticas.
O professor Igor Fuser também avaliou as intensas transformações sociopolíticas na Venezuela ao longo dos anos em que brotou e se enraizou o “chavismo”, que traçou um planejamento do processo pelo qual o país caminharia. Neste sentido, Fuser enfatizou a importância da apoderação da exploração do petróleo pela Venezuela, detentora da maior reserva mundial deste recurso tão estratégico. O professor também notou a relevância da conjuntura política no Brasil para os venezuelanos, que acompanharam as últimas eleições com apreensão.
Para os debatedores, que têm vasta experiência na questão venezuelana e presenciaram diferentes momentos do processo bolivariano, a análise deste histórico ajuda na compreensão do posicionamento atual da extrema-direita aliada ao imperialismo estadunidense e na ponderação dos rumos a seguir para a superação de desafios reais. Já Socorro priorizou o fortalecimento da solidariedade regional e internacional ao povo venezuelano na defesa das suas conquistas, para que não haja retrocessos e para que a ingerência estadunidense não prevaleça. O mesmo vale para o momento em que se encontra o Brasil, notaram os participantes, para quem a mobilização popular continua essencial.
Nesta sexta-feira (6/3), um ato político cultural também será realizado no auditório do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), às 19h00.