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O Secretariado do Conselho Mundial da Paz (CMP), órgão de que o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) faz parte, emitiu neste domingo (6) uma declaração e um apelo para marcar o aniversário dos bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA. Há 72 anos, a criminosa inauguração do uso de armas nucleares provocou a morte de mais de 200 mil pessoas no Japão e marcou a história da Humanidade com a brutalidade do imperialismo estadunidense, gerando consequências políticas seguem ameaçando o planeta. Uma das principais campanhas do CMP é, por isso, a abolição das armas nucleares. Leia o texto a seguir.
Recordar Hiroshima e Nagasaki
Pela abolição de todas as armas nucleares do mundo
72 anos depois dos criminosos bombardeios nucleares dos EUA sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945, e considerando as suas centenas de milhares de vítimas, é mais premente que nunca a exigência da abolição de todas as armas nucleares no mundo.
Num momento em que a situação no mundo é caracterizada por uma crescente instabilidade e insegurança, resultante em primeiro lugar do incremento da corrida aos armamentos, do militarismo, intervencionismo e guerras impostas pelos EUA, a OTAN, a UE e seus aliados, com a sua política de domínio imperialista, saque e agressão, é grande o perigo de uma escalada de confrontação de grandes proporções, incluindo com a utilização de armas nucleares – o que, se não for impedido, significaria o fim da humanidade.
Sendo responsáveis pela única utilização da arma nuclear contra populações, os EUA possuem um dos maiores arsenais de armas nucleares, instaladas o seu território e por todo o mundo, em bases militares do sistema EUA-OTAN, assumindo na sua doutrina militar a possibilidade da utilização destas armas num primeiro ataque.
No quadro da sua doutrina militar ofensiva, os EUA efetuam atualmente um programa de modernização das suas armas nucleares – com um custo anunciado de mais de um trilhão de dólares nos próximos 30 anos – e instalam um sistema anti-míssil na Europa, junto ao Ártico e na Ásia, que visa particularmente a Rússia e a China, procurando assegurar a sua capacidade de evitar a resposta de outro país a um primeiro ataque norte-americano com
armas nucleares.
O estoque global de ogivas nucleares é de cerca de 15.000 — 1.800 delas, em alerta elevado — e novos desenvolvimentos em tecnologia das armas nucleares e mecanismos de disparo impulsionando a proliferação são uma ameaça à própria sobrevivência da humanidade.
É neste quadro que assume importante significado a adoção, em 7 de julho passado, do Tratado para a Proibição de Armas Nucleares, pela conferência das Nações Unidas para a negociação de um instrumento juridicamente vinculativo para a proibição de armas nucleares, que levaria à sua completa abolição — reflexo do desejo dos povos e do movimento mundial da paz, bem como dos esforços governamentais de Estados que não possuem arsenais nucleares, a um mundo livre de armas nucleares.
Por outro lado, a Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação de 2015 resultou em outro fiasco, não adotando um documento final devido à oposição dos EUA, Reino Unido e Canadá. Estes países seguiram a mesma linha de Israel, que se opôs à convocação de uma conferência sobre o Oriente Médio como uma zona livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa.
Em um período de profunda crise econômica do capitalismo, o mundo enfrenta novos perigos e ameaças à paz, incluindo as atuais intervenções militares imperialistas contra países soberanos e a revitalização do fascismo em antigas e novas formas. A humanidade está enfrentando os perigos de uma guerra generalizada de dimensões globais.
No entanto, este é também um momento de esperança, baseada nas lutas dos povos amantes da paz no mundo, de que esta eventualidade pode ser impedida. Precisamos recordar as lições das lutas históricas e unir todas as forças consequentes e amplas pela paz, a justiça social e o progresso numa forte mobilização cuja força, amplitude e convicção podem impedir que ocorram novas tragédias.
Nunca mais o holocausto nuclear!
Prestando homenagem às vitimas do terror nuclear de Hiroxima e Nagasaki, evocando o objetivo do Apelo de Estocolmo lançado pelo CMP em 1950 por um mundo sem armas nucleares, reafirmando o seu compromisso e determinação com a causa da paz e a construção de um mundo mais justo e de progresso social, apelamos às forças defensoras da paz e anti-imperialistas em todo o mundo a incrementar a luta pela:
– Abolição de todas as armas nucleares e outras armas de destruição em massa, e do desarmamento geral e controlado;
– Rejeição da instalação do sistema anti-míssil dos EUA/OTAN e a abolição de todas as bases militares estrangeiras;
– Defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas, em defesa da paz, da soberania dos Estados e da igualdade de direitos dos povos.
6 de agosto de 2017
Secretariado do Conselho Mundial da Paz