Nos últimos dias, diversos atos e seminários virtuais foram realizados em manifestação de solidariedade ao povo palestino contra a anexação de seu território por Israel, que poderia ser anunciada a partir de 1º de julho. O reforço do apoio à luta pela Palestina livre é alvissareiro e, como ressaltaram participantes, adiamentos ou reformulações do plano de oficialização de uma anexação já corrente pelo regime sionista não podem desmobilizar os solidários. O fim da ocupação e colonização da Palestina por Israel é o objetivo.
Entre os diversos atos e iniciativas realizadas em torno do 1º de julho, estabelecida no acordo de formação da coalizão de governo de Israel como data a partir da qual Benjamin Netanyahu poderia apresentar um projeto de lei para a “extensão da soberania” israelense a vastas porções da Cisjordânia palestina ocupada, ficou atestado o repúdio generalizado à medida ilegal e a demanda, em caráter de urgência, do fim da impunidade do regime de Israel pela violação dos direitos fundamentais do povo palestino.
Em 4 de julho, diversos eventos entraram em ar. Abrindo o dia, o debate organizado pelo movimento por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), “África, Ásia e América Latina Unidas pela Palestina”, reuniu advogados e ativistas palestinos, os netos de Nelson Mandela e Gandhi, da África do Sul e Índia, Malásia e Chile, e o ex-chanceler do Brasil, Celso Amorim. O ato divulgou uma declaração com o mote “Sul Global em Solidariedade com a Palestina”, firmada por mais de 270 figuras públicas, ex-presidentes, artistas, acadêmicos e parlamentares em repúdio à anexação da Palestina por Israel e com o chamado ao seu boicote e sanção. Leia aqui a Declaração (em espanhol) e assista ao evento a seguir:
No mesmo dia, mais eventos transformaram aquele num sábado de intensa mobilização em apoio à Palestina. À tarde, decorreu o evento do IBRASPAL – Instituto Brasil Palestina, intitulado “Ocupação e Covid-19 na Palestina” (clique para assistir), tendo como convidados o Dr. Bassem Naim, presidente do Conselho de Relações Exteriores e ex-Ministro da Saúde da Palestina, e o Dr. Alexandre Padilha, médico e deputado federal, ex-Ministro nos Governos Lula e Dilma.
A seguir, entrou no ar o Ato Internacional pela Palestina, organizado pelo Coletivo de Mulheres em Solidariedade à Palestina e realizado pelo Portal Desacato, em parceria com o Grupo de Estudos Retóricas do Poder e Resistências, da UnB. Mais de 30 pessoas tomaram a palavra no ato, falando desde a Palestina, do Brasil, de Israel, dos Estados Unidos, do Chile, da Colômbia, da República Dominicana, Uruguai, Argentina e Espanha. O ato foi aberto com um vídeo gravado especialmente para o evento pela intelectual feminista Judith Butler (assista aqui a sua fala), contundente voz crítica ao regime de Israel em meio aos movimentos de judeus antissionistas.
Participaram ainda a objetora de consciência israelense Shahaf Weisbein, o proeminente ativista estadunidense-israelense Miko Peled, as palestinas Manal Tamimi e Ruayda Rabah e Younes Arar, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) Ualid Rabah, Giovana Hamid da Juventude Sanaúd, o Embaixador da Palestina no Brasil Ibrahim Alzeben e diversas vozes solidárias, como o presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) Jamil Murad, a presidenta do Conselho Mundial da Paz Socorro Gomes e a diretora do Cebrapaz Moara Crivelente, que participou da organização do evento como parte do Coletivo de Mulheres. Assista a seguir:
A iniciativa do Ato Internacional, aliás, nasceu de outro evento virtual na semana anterior, em que o grupo de mulheres comentou suas experiências na Palestina ocupada (clique aqui para assistir).
Entre as demais iniciativas dos últimos dias, em 1º de julho, no programa O Mundo como ele é da TV247, conduzido pelo editor internacional do portal Brasil247 José Reinaldo Carvalho e o especialista Lejeune Mirhan, o Embaixador da Palestina Ibrahim Alzeben e os entrevistadores comentaram o plano do governo israelense e a urgência de mobilização em oposição. Na semana anterior, também o Monitor do Oriente Médio realizou debate sobre a anexação da Cisjordânia.
Assista ainda o vídeo produzido pela Juventude Sanaúd, explicando os motivos da oposição contundente dos jovens descendentes de palestinos no Brasil ao plano sustentado no chamado “Acordo do Século”, unilateralmente anunciado pelos Estados Unidos de Donald Trump a favor de Israel.
De Israel e da Palestina também chegam boas notícias. A unidade nacional entre forças opositoras na Palestina parece avançar, rompendo com uma década de divisões para viabilizar um enfrentamento e a resistência unitária à colonização israelense. De Israel, notícias das marchas e protestos contra a anexação acompanham as crescentes barreiras que o governo israelense encontra para levar adiante, pelo menos por enquanto, seu plano ilegítimo, internacionalmente rechaçado, condenado pela ONU e, inclusive, por cerca de 1.000 membros do Parlamento Europeu.
Mesmo diante das dificuldades impostas à mobilização pelo contexto de pandemia, as forças solidárias e o próprio povo palestino seguem resolutos na oposição e na resistência à ocupação e colonização da Palestina por Israel, demandando o fim de um regime que só pode se viabilizar através de um brutal sistema de apartheid.