Quase um mês após o ataque israelense ao comboio humanitário que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza, o Irã anunciou nesta quarta-feira (23/6) que uma embarcação com 100 mil toneladas de mantimentos sairá do país no próximo domingo com destino ao território palestino.
Segundo o diretor para Assuntos Internacionais iraniano, Abdolrauf Adibzadeh, a embarcação — batizada de "um barco para as crianças de Gaza" — sairá do porto de Bandar Abbas, no Golfo Pérsico, com destino ao Mediterrâneo", segundo a agência de notícias iraniana Irna. O barco levará remédios, alimentos, roupas infantis e brinquedos.
Adibzadeh disse também que o país não preparou uma escolta militar para a embarcação — que deve demorar cerca de 14 dias para chegar às águas da Faixa de Gaza. A bordo, estarão cinco jornalistas e cinco especialistas em ajuda humanitária. O governo iraniano vai pedir ajuda ao Egito para que o material entre pelo Canal de Suez e seja entregue por meio de Rafah, cidade palestina que faz fronteira com a Península do Sinai, no Egito.
Segundo o iraniano, a atitude "não busca aventuras e combates", e o Irã e aceita “as dificuldade possíveis para enviar a ajuda". Apesar de ter cedido parcialmente o bloqueio ao território palestino na semana passada, o governo de Israel afirmou que não mudou sua política e que vai barrar a chegada de novas frotas que tenham como objetivo levar ajuda a Gaza. O caminho mais curto para o Irã chegar pelo mar à Faixa de Gaza é por meio do mar Mediterrâneo, através do Canal de Suez, controlado pelo Egito.
Na sexta-feira passada (18/6), o governo israelense pediu que o Egito barrasse a passagem de qualquer embarcação iraniana, argumentando — sem provas — que qualquer navio que saia do Irã com pretexto de levar ajuda humanitária a Gaza pode estar levando ajuda para o grupo islâmico Hamas, como armas e foguetes.O governo egípcio negou o pedido e explicou que não se indisporá contra países árabes ou islâmicos e com a comunidade internacional para ajudar a manter o bloqueio à Faixa de Gaza.
Líbano
Além do Irã, o Líbano também anunciou, sob ameaça israelense, o envio de embarcações com ajuda humanitária a Gaza. O país iniciou na terça-feira (23/6) os preparativos para o desembarque de dois navios. A primeira embarcação, denominada Maria, ainda não tem data para desembarcar — mas já está munida de comida, voluntários e roupas. Já a segunda, Julia, navegará até o Chipre, para esperar autorização do governo libanês para zarpar.
Segundo o ministro dos Transportes do Líbano, Ghazi Aridi, a medida foi tomada porque a lei libanesa não permite o deslocamento de navios para os portos sob controle israelenses. "Líbano e Israel estão em estado de guerra e nenhum navio jamais navegou daqui para lá. Agora, o que os cipriotas vão decidir, eu não sei. Eles podem não deixar o navio partir", disse.
De acordo com a comissão organizadora do comboio, cerca de 500 pessoas se candidataram para embarcar nos navios, porém não há capacidade para todas. Diante das acusações de Israel de que os integrantes do primeiro comboio turco mantinham relações com organizações palestinas, a coordenadora de preparação da embarcação Maria, Samar Al-Haj, afirmou em entrevista a rede árabe de televisão Al Jazeera que não há qualquer afinidade com o grupo Hezbollah. Além disso, Al-Haj declarou que não informará a data da partida dos navios por motivos de segurança.
Já o Hezbollah, antes mesmo do anúncio da comissão organizadora da frota, declarou por meio de comunicado que, apesar de apoiar o envio dos navios, "decidiu desde o começo ficar longe desse movimento humanitário, sem participar de sua coordenação ou logística".
Após os anúncios dos governos iraniano e turco sobre o envio de novos navios para a Faixa de Gaza, o ministro da Defesa de Israel reuniu-se com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-monn, em Nova York, e ameaçou as futuras iniciativas internacionais para romper o bloqueio imposto por Israel dizendo que o governo israelense usará “todos os meios necessários” para parar os comboios de ajuda que insistam em adentrar a faixa.
Violência
Para o ministro, é desnecessário tentar levar a ajuda por mar, especialmente depois que, no domingo (20/6), foi suavizado o bloqueio a Gaza e que, portanto, uma situação de "violência" pode vir a acontecer surgir. Após as ameaças, as autoridades libanesas enviaram na última terça-feira (22/6) uma carta à ONU responsabilizando Israel por qualquer ataque contra seus cidadãos e navios, e pediu que a comunidade internacional pressione Israel para cessar as violações e ataques contra o território libanês.
"A lei libanesa não permite que os navios se dirijam a qualquer porto sob controle israelense, incluído o de Gaza, mas também não pode proibir que um navio saia de seus portos se sua carga, passageiros e destino estiverem em conformidade com as leis", argumenta a carta libanesa.
Da Redação, com informações do Opera Mundi