
Após quase dois anos do golpe de Estado em Honduras o país sofre com violações aos direitos humanos. Segundo Bertha Oliva, o mundo tem uma visão equivocada sobre a real situação dos hondurenhos. “Isto é parte do duplo discurso com o qual atua o regime atual: desinformar e manipular para que o mundo acredite em uma coisa, mas em nosso país está se fazendo outra, que é atentar contra a vida e a liberdade,” afirmou.
Segundo Oliva a presença de bases militares dos Estados Unidos, que foi um acordo assinado pelo atual regime de Porfirio Lobo Sosa, de cooperação entre os dois países é outro fator que contribui com a violência. “Com estas forças armadas não se alcança a paz, o único que conseguimos e temos como resultado é dor e sofrimento”, disse.
Dados do COFADEH apontam que Honduras sofre uma média de 18 mortes violentas por dia, o que eleva a taxa de homicídios a 78 por cada 100 mil habitantes.
Repressão ao povo hondurenho
“Nunca como agora tínhamos visto esta política criminosa do Estado, que se reflete e se concretiza na perseguição e se conclui com a criminalização do protesto social”, critica Oliva.
De acordo com ela, existem três modalidades de repressão ao povo, que são usadas pelos donos do poder, latifundiários e empresas privadas: as forças militares e policiais, a segurança privada e os pistoleiros. “O povo hondurenho está submetido a estas três forças. Ele demanda e reclama direitos sociais violentados permanentemente”, declarou.
Segundo ela só será possível voltar à ordem constitucional no país através de uma Assembléia Nacional Constituinte. E faz um apelo. “Só quero chamar a atenção dos lutadores e lutadoras pela paz no mundo que não nos deixem, porque se ficarmos sozinhos, se a solidariedade internacional não for colocada em prática, em Honduras se instalará o genocídio”, alertou.
Comissão da Verdade
Em relação à Comissão da Verdade Oliva declarou, “Perante a proposta cínica do regime atual de criar uma comissão da verdade e reconciliação afastada de todos os padrões internacionais, que têm formado Comissões da Verdade em mais de 30 países do mundo, nós criamos a Comissão da Verdade, simplesmente assim, porque acreditamos que é a vez de os ofendidos depositarem suas vivências, para que esta comissão investigue os feitos do passado e do presente”, explicou.
“Paz é um continente latino-americano sem violência”
Ao ser questionada sobre qual a definição de “paz” Bertha Oliva respondeu. “A paz é muito mais do que uma palavra e uma frase, muito utilizada nesse momento na região pelos criminosos, pelos que promovem a guerra, mas nós falamos desta paz com qualidade humana, com respeito íntegro aos direitos humanos. No mundo não há paz, se como paz se mantém o silêncio através da violência e através da força e do uso de armas criminosas e letais então é exatamente o contrário. Para nós a paz é um continente latino-americano e um planeta longe da violência armada”, concluiu.
Érika Ceconi, da redação Cebrapaz