ENTREVISTA | José Reinaldo: “A paz não rima com imperialismo”

O presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), José Reinaldo Santos Carvalho Filho, 69 anos, esteve em Salvador no último dia 18, quando fez palestra na abertura da Conferência dos Bancários da Bahia e Sergipe, preparatória para a campanha salarial da categoria, cuja data-base é setembro. Jornalista profissional com pós-graduação em Política e Relações Internacionais, editor de Internacional do site Brasil247 e da TV 247, ele concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Bancário, na qual afirmou que “a paz não rima com imperialismo, nem com ultraliberalismo e sionismo”.

José Reinaldo na Conferência dos Bancários da Bahia e Sergipe. Crédito: Sindicato dos Bancários da Bahia.

O Bancário – Do ponto de vista do bem-estar da humanidade, da civilidade, da paz e da autodeterminação dos povos, como você interpreta o mundo na atualidade?
JRC – O mundo na atualidade está carregado de ameaças à paz, aos direitos dos povos, ao desenvolvimento harmônico, ao progresso social e à soberania nacional dos países sob domínio das potências imperialistas. Em franco declínio no exercício de sua hegemonia unipolar, descontente com a multipolaridade que se estabeleceu, o imperialismo estadunidense leva adiante uma estratégia militarista e belicista responsável pelas ameaças a que me referi. 
 
O Bancário – É possível alcançar a paz com imperialismo, ultraliberalismo, sionismo e exacerbada concentração da riqueza?

JRC – Não é possível. Paz não rima com imperialismo nem ultraliberalismo e sionismo. Para alcançar a paz, é necessário que os povos resistam às políticas neoliberais, ao domínio imperialista e façam o percurso histórico rumo ao Socialismo. Somente o Socialismo é capaz de promover o desenvolvimento nacional, o progresso social, o bem-estar e a paz.
 
O Bancário – A matança da população civil palestina por Israel pode ser considerada genocídio?
JRC – Sim, é um genocídio que visa ao extermínio da população palestina para implantar um projeto colonialista e supremacista, racista e imperialista do Estado sionista de Israel. O povo palestino tem direito de lutar com todos os meios que estiverem ao seu alcance contra estes crimes de lesa-humanidade e por sua libertação nacional. 
 
O Bancário – Na atual conjuntura internacional, qual a chance de criação de um Estado palestino independente e soberano?
JRC – Este é o objetivo central da luta do povo palestino, que alcança o apoio de forças cada vez mais numerosas no mundo. A resistência e a luta serão em algum momento histórico vitoriosas com a conquista deste Estado nacional, com plena autodeterminação. 
 
O Bancário – Qual a posição do Cebrapaz sobre a guerra na Ucrânia?
JRC – O Cebrapaz deseja a paz na Ucrânia e a boa convivência entre os povos russo e ucraniano. A guerra na Ucrânia é resultado do golpe de 2014 promovido naquele país pela União Europeia, Estados Unidos e forças reacionárias locais. Resulta também da ameaça existencial à Rússia representada pela expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em todo o Leste europeu até as proximidades da fronteira com a Rússia. O Cebrapaz apoia o chamado a uma conferência internacional de paz feito no último encontro entre os presidentes Putin (Rússia) e Xi Jinping (China).
 
O Bancário – No Brasil, qual a sua leitura sobre o duro embate entre a democracia social e o ultraliberalismo fascinazista, da civilidade contra a barbárie?
JRC – É uma luta que marca época e se torna cada vez mais aguda. Os desafios do presidente Lula são consolidar a democracia, implantar uma política econômica desenvolvimentista, contrária ao neoliberalismo e promover o bem-estar do povo brasileiro. Para isto é necessário desenvolver uma intensa e ampla luta contra as forças de direita e extrema-direita, unir e mobilizar o povo.
 
O Bancário – O que fazer para o governo Lula, de coalizão com frações da direita, inclinar para a esquerda?
JRC – Mais mobilização e organização popular, pressão positiva das massas populares para impedir o avanço da extrema-direita. As forças de esquerda e as organizações do movimento popular precisam ter firmeza e sagacidade para combinar esses fatores com o apoio ao governo do presidente Lula. 
 
O Bancário – A regulação das big techs é suficiente ou se faz necessário regular também a mídia tradicional para efetivamente conter as fake news, a desinformação e a deformação da sociedade?
JRC – É preciso regular as big techs e a mídia a serviço do capital monopolista e do imperialismo. Ambos são facções reacionárias e usinas de fake news.

Fonte: Sindicato dos Bancários da Bahia