NOTA | O cessar-fogo em Gaza é uma conquista do povo palestino

O novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas foi finalmente assinado pelos seus mediadores na segunda-feira (13). Trata-se de uma contundente conquista da resistência palestina, que não se vergou diante do genocídio levado a cabo por Israel durante dois anos ininterruptos.

No plano imediato, o cessar-fogo traz alívio para o povo martirizado na Faixa de Gaza. Portanto, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CEBRAPAZ) saúda o valente povo palestino e continua ao seu lado na luta contra a ocupação e a colonização da Palestina pelo Estado genocida de Israel.

As imagens de libertação dos prisioneiros políticos palestinos, feitos reféns nas cárceres do ocupante, e dos reféns israelenses devolvidos a Israel pelo Hamas, são parte dessa conquista e a consolidação de uma expectativa mundial. Outros intentos foram feitos antes e fracassaram porque Israel continuou empenhado em liquidar a resistência palestina custasse o que custasse.

Como sabemos, neste período, Israel matou quase 70 mil pessoas e devastou a Faixa de Gaza, usou a fome como arma de guerra até mesmo contra crianças inocentes, impôs o reiterado deslocamento forçado, a tortura e outros abusos, enquanto na Cisjordânia, assistimos à expansão dos colonatos e ao aumento da violência assassina dos colonos, entre tantas outras brutalidades prometidas e cumpridas pelo Governo criminoso de Benjamin Netanyahu. Durante a vigência do novo cessar-fogo, até a última terça-feira (14), os soldados israelenses mataram ao menos cinco palestinos na Cidade de Gaza. Assim, mesmo este cessar-fogo pode vir a ser comprometido.

Mas esta escalada catastrófica também é de responsabilidade dos aliados de Israel, especialmente os EUA, as potências europeias e outros países que fracassaram no dever de deter o genocídio, conforme ordenado em 2024 pelo Tribunal Internacional de Justiça. Alguns dos seus governos buscaram encobrir a sua cumplicidade ao adotar uma medida há muito atrasada: reconhecer o Estado da Palestina. Mas em 21 de setembro, o primeiro-ministro sionista voltou a bradar algo que já diz desde que assumiu o poder pela primeira vez, há três décadas: nunca permitirá a consolidação do estado palestino.

Enquanto isso, era gestado o ignominioso “plano de paz” promovido por Donald Trump para encerrar o conflito no Oriente Médio após a conclusão das sucessivas fases do cessar-fogo. As suas condicionantes têm espírito claramente colonial e são, portanto, inaceitáveis, causando consternação desde o início e minando o caminho adiante. Mas essa é a tradição do mal-chamado “processo de paz” entre Palestina e Israel, agora turbinada pela pretensão de Trump de ser o paladino da paz.

O povo palestino há muito é obrigado a negociar com o seu próprio carrasco pelos ditos promotores da paz, mediadores e doadores de assistência humanitária ou de meios para a construção de tal estado, a começar pelos EUA, a União Europeia e o Reino Unido. Mesmo na intensificação do seu genocídio, não lhes foi permitido escapar a essa armadilha.

Portanto, o CEBRAPAZ reafirma a solidariedade com o povo palestino e o apoio à sua resistência diante dos reiterados intentos do sionismo de o eliminar complementamente.

O mundo clama pela responsabilização de Israel e dos seus aliados, pela Palestina Livre e pela paz justa e duradoura, já!

A Comissão Executiva Nacional do Cebrapaz
(Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz)

Palestinos caminham em meio a destroços na Cidade de Gaza 10/10/2025 REUTERS/ Ebrahim Hajjaj