Cúpula Popular do BRICS começa no Rio de Janeiro e discute multilateralismo e desafios do Sul Global

Por Moara Crivelente

Começou nesta segunda-feira (1), a Cúpula Popular dos BRICS, o encontro do Conselho Civil do agrupamento, no Rio de Janeiro, com uma mesa de abertura de peso. Representantes de 21 países reúnem-se no Brasil para discutir o futuro do multilateralismo e da governança global, com foco no papel e nas demandas dos povos do Sul Global.

José Reinaldo Carvalho, presidente do Cebrapaz, discursa na abertura do BRICS Popular. Foto: Moara Crivelente.

Na mesa de abertura, estiveram representantes do Conselho Brasileiro do Conselho Civil do BRICS, pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CEBRAPAZ), o Presidente José Reinaldo Carvalho, João Pedro Stedile e Judite Santos, da Coordenação do Movimento de Trabalhadores Sem Terra, e Marco Fernandes, do MST; e Victoria Panova – Diretora do Conselho de Especialistas BRICS/Rússia. Estiveram também na mesa Elias Jabbour, Presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Maíra do MST – Vereadora do Rio de Janeiro pelo PT; Marina do MST – Deputada Estadual do Rio de Janeiro pelo PT; Jandira Feghali – Deputada Federal do Rio de Janeiro, do PCdoB.

A abertura iniciou pelo canto do Coral das Mulheres do Povo Guajajara da Aldeia Maracanã, Rio de Janeiro, com falas sobre a diversidade cultural e a luta dos povos indígenas do Brasil pelo reconhecimento e a promoção dos seus direitos.

Entre as diversas falas, foram contundentes as denúncias da exploração, do racismo, das ameaças ao futuro, e da destruição da natureza, que acometem diretamente os povos. José Reinaldo Carvalho enfatizou a luta contra o imperialismo, a ingerência e as ofensivas contra o povo irmão da Venezuela e o genocídio do povo palestino por Israel.

A Presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, o Branco dos BRICS, Dilma Rousseff, enviou a sua saudação em vídeo e avaliou a importância do fórum. “O BRICS que sonhamos não é só o BRICS dos gabinetes, é também o BRICS dos povos e dos trabalhadores”, disse a Presidenta Dilma.

Victoria Panova, da Rússia, enfatizou que o BRICS é o futuro e que os povos olham para o agrupamento como um farol de esperança, daí a necessidade e a importância da formação e da legitimação do Conselho Civil pelos seus líderes.

Stedile recordou o percurso de estabelecimento do fórum popular e a sua formalização na Cúpula de Khazan em 2024 pelos líderes do BRICS. Também mencionou a proposta de criação de um fórum similar para o próprio Banco do BRICS, para que os povos e as organizações populares tenham a oportunidade de participar no processo de decisão e formulação de projetos de financiamento das suas ideias e propostas de desenvolvimento.

O evento decorre até o dia 4 de dezembro, com mesas de debate, aula pública, eventos culturais e reuniões entre os membros do Conselho Civil do BRICS.