A crise do imperialismo

Como temos visto em todo o mundo, a crise do capitalismo vai sendo resolvida para satisfazer os mais ricos, os banqueiros e as grandes empresas que recebem a ajuda governamental para manterem os empregos e aumentarem os lucros e os prêmios aos seus executivos. Sobram umas esmolas que estimulam pequenos produtores, formação de mão de obra especializada e os grandes consumistas da classe média A, B e C. No Brasil, graças ao governo Lula, o PAC – programa de aceleração do crescimento – investe fortemente em infra-estrutura e nas alavancas para acabar com a miséria em um esforço maior para reduzir a péssima distribuição da riqueza e, pelo menos, garantir a sobrevivência da grande população incluindo-a no mercado como já fizeram a mais tempo os países desenvolvidos.

Não será fácil mudar a preferência do sistema pelos mais ricos, pela sua elite. Afinal, eles têm o controle da política financeira. A defesa dos cidadãos cresce devagar na medida em que os problemas climáticos ameaçam por igual, ricos e pobres, aproximando-os dentro de um pensamento humanista até agora considerado romântico, poético, ingênuo e utópico. São essas ameaças globais desencadeadas pela natureza é que matam elite e miseráveis sem chance de premiar os privilegiados do sistema.

A crise do imperialismo não foi anunciada porque o sistema de poder não foi ameaçado na medida em que controla ao mesmo tempo as grandes empresas e os próprios Estados. Tira o recurso necessário de um bolso para o outro e continua ocupando os paises invadidos e as bases militares que os fantoches nacionais oferecem de mão beijada nos territórios menos desenvolvidos e a manter a cultura terrorista que parece justificar a soberania dos invasores em nome de uma pretensa civilização do bem.

O presidente Obama apresentou-se ao mundo como um humanista no combate aos preconceitos e com uma qualidade rara – a de bom caráter, respeitoso e ouvinte dos mais variados protestos populares, o contrário dos expoentes elitistas que nos habituamos a suportar nos governos. Introduz princípios de igualdade para corrigir as injustiças mais flagrantes que condenam os povos à miséria e premiar executivos do poder financeiro. É o caminho vagaroso que a América Latina tem seguido para livrar as suas populações da fome. É acusado por manter o velho poder imperialista que constitui o eixo do sistema capitalista com todas as suas injustiças. Parece uma incoerência lutar pela igualdade democrática ao nível das conseqüências de um sistema injusto por natureza e manter a fonte ditatorial do poder propulsor das iniqüidades. E é, evidentemente, uma contradição para quem tem propósitos humanistas e democráticos.

Tal como a natureza através do clima começa a obrigar a elite sócio-economica a perceber que está tão ameaçada como os mais miseráveis da sociedade diante das hecatombes descontroladas de ventos, tempestades, movimentos sísmicos e incêndios, a natureza humana também expande os seus atos de loucura alimentados pela violência que o imperialismo gerou. O terrorismo, assim como os suicídios praticados como forma de combate, os abusos e violências com sadismo, a prepotência dos dominantes, a patologia dos crimes organizados, são armas imperialistas, dos que se consideram seres superiores com direitos sobre a vida e a morte das populações enfraquecidas. Tantas décadas de ficção para forjar exércitos de invasores disfarçados em "pacificadores" e de combatentes do "eixo do mal", produziu milhares de formas de desequilíbrio mental que  todos os dias assolam principalmente os Estados Unidos com exemplos de jovens que matam colegas e professores, ou soldados que dizimam os seus próprios companheiros em atos de loucura onde exorbitam o que aprenderam a praticar no Vietnam, no Iraque, no Afeganistão, na Bósnia, em todos os cantos onde o imperialismo entrou para dominar. Os efeitos da ditadura imperial voltaram-se para dentro dos quartéis, para dentro do país que criou a doutrina expansionista nos moldes imperialistas para se sobrepor ao velho domínio colonialista europeu em fase de decadência.

Esses desvios mentais tornaram-se um fenômeno natural da natureza humana que foi maltratada no seu crescimento artificial. Convencidos de que são superiores, invencíveis, os soldados norte-americanos passaram a consumir drogas químicas e idéias de grandeza fictícias, extirpando os princípios normais de humanidade,  degradando o seu organismo como os desmatamentos degradam o solo.

O cineasta norte-americano, Michel More, ha vários anos produz filmes que abordam este grave problema gerado no interior da sociedade norte-americana pelas políticas belicistas implantadas através do comércio de armas e de produtos culturais que ensinam as crianças a matarem os inimigos como se fosse apenas um jogo. A criminalidade de jovens da classe média e rica tornou-se uma epidemia que se alastra pelo mundo pelo exemplo divulgado sem controle pela mídia mundial. Os paises menos desenvolvidos, como os da América Latina, tentam de mil maneiras entenderem o fenômeno da degenerescência juvenil que engrossa as fileiras do crime organizado. Uma luta titânica contra os efeitos da máquina imperialista que permanece viva e invicta minando a natureza humana no seu cerne, como a erosão nas terras.

Acompanhamos a suada vitória do presidente Obama na criação de um sistema mais democrático de saúde para o povo norte-americano, e vamos levar adiante os combates às injustiças geradas pelo sistema imperial. Poderemos caminhar vagarosamente na correção dos erros fundamentais que têm condenado a humanidade às guerras, à fome, aos crimes e ao subdesenvolvimento, mas todas as injustiças e crimes devem ser combatidos ao mesmo tempo, não apenas as conseqüências mais alarmantes de uma ditadura imperialista que continua a sugar o sangue da humanidade e a injetar os seus vírus enlouquecedores que degradam o cérebro dos combatentes destruindo a juventude mundial. Uma novidade animadora foi a rejeição do Japão à manutenção da base americana em seu território assim com setores dos Estados Unidos contrários ao envio de mais tropas ao Afeganistão. Com tais pressões Obama terá melhores condições de caminhar pelo sentido humanista que escolheu na sua campanha.

Assim como a ciência médica tem evoluído para combater ao mesmo tempo as conseqüências de uma infecção – contendo a evolução das febres e das dores que minam o organismo – e as causas provocadas por vírus e bactérias, mais difíceis de serem detectadas, teremos de superar os sofrimentos da humanidade no seu dia a dia e sanear as sociedades dos vírus imperiais cultivados criminosamente pelo desvario de ambições de uma elite mundial.

 
Zillah Branco

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