Para Fidel, EUA estão manchados de sangue

O líder da revolução cubana, Fidel Castro, afirmou, nesta quarta-feira (16), que os Estados Unidos estão literalmente “manchados de sangue” por causa dos crimes cometidos contra os povos, em espcial, pelos assassinatos de cientistas iranianos e por sua participação nos conflitos do Afeganistão e do Paquistão.
Em uma reunião com intelectuais participantes da 20ª Feira Internacional do Livro de Havana, que foi transmitida pela televisão estatal, ele questionou se o presidente norte-americano, Barack Obama, tinha conhecimento prévio do crime que Israel perpetraria contra cientistas iranianos.

Segundo Fidel, “quando falamos de sangue derramado, eles (os Estados Unidos) estão manchados de uma forma real, e não simbólica. É real e eles já não dissimulam, nem negam”.

O ex-presidente afirmou que os serviços de inteligência, em especial, a CIA, tinham conhecimento sobre – e até autorizaram – os ataques realizados pelos aviões não tripulados que fizeram incursões nos territórios do Paquistão e do Afeganistão, deixando vários mortos.

Segundo ele, “valeria a pena” se o presidente norte-americano, Barack Obama, explicasse “não só o que sabe sobre a origem dos milhões de dólares que acumulava [Hosni] Mubarak, mas também o que sabe sobre os assassinatos dos cientistas iranianos, que não eram nem soldados”.

A respeito do atentado contra a congressista norte-americana Gabrielle Giffords, baleada no mês passado, Fidel disse que esse foi o resultado “da política fascista imposta no país, onde a maioria é a favor do porte de armas”. O cubano condenou a incapacidade do governo estadunidense de controlar essa prática.

Respondendo a perguntas dos participantes, Fidel também criticou organismos internacionais, como as Nações Unidas, que classificou como uma “fraude” imposta e controlada pelos EUA. Segundo ele, quando um indivíduo à frente desse órgão não responde aos interesses norte-americanos, é logo retirado do posto.

Fidel lembrou que as últimas votações realizadas na ONU sobre o bloqueio econômico, comercial e financeiro que os EUA promovem contra Cuba condenaram a existência desse cerco e, apesar disso, Washington não toma nenhuma iniciativa em respeito à demanda dos demais países.

“Para mim, tem valor a posição dos governos, a valentia que é necessária para isso. Os da Europa dão vinte explicações de voto antes de se opor ao bloqueio”, disse. Segundo ele, os Estados Unidos não se importam com o fato de, há 20 anos, todos condenarem essa política contra a ilha.

De acordo com ele, de nada serve um organismo que” nem sequer pode dizer que é ilegal e genocida o que fazem os Estados Unidos, quando o país que mais produz alimentos e está mais próximo de Cuba põe tantas travas ao comércio com a ilha”.

Para Fidel, a consolidação do processo revolucionário na Venezuela é decisiva para todo o continente. “O mais importante, nesse momento, é que esse processo tenha êxito”, disse. Durante a conversa com os intelectuais, ele defendeu que mundo todo deveria atuar como uma grande “família”, já que “não existe outro planeta para o qual mudar-se.

“Creio que deveríamos nos comportar como uma família e compartilhar o que temos: uns têm petróleo, outros alimentos, outros médicos… Por que não podemos considerar o mundo como a sede de uma só família humana?”, questionou

Fidel também falou de Cuba, de sua história, resistência, da capacidade que seu povo tem de enfrentar as agressões e de debater os temas importantes abertamente, quando necessário. O ex-presidente disse considerar necessário “explicar bem” à população cubana o plano de ajustes econômicos empreendido na ilha. E mantê-la informada sobre os tempos difíceis que são vividos no mundo inteiro.

“Já foram publicados as diretrizes econômicas e sociais (o projeto de reformas na ilha), agora temos que complementar isso e explicar bem, especialmente o tema da agricultura”. Esta foi a breve referência de Fidel Castro ao assunto interno. A alusão acontece a apenas dois meses do 6º Congresso do Partido Comunista, que ratificará a atualização econômica impulsionada por seu irmão, o presidente Raúl Castro.

O encontro com escritores cubanos e estrangeiros foi a primeira aparição pública de Fidel Castro este ano. Na conversa, ele destacou o trabalho de muitos intelectuais, alguns deles prêmios Nobel, que realizaram esforços a favor da imediata libertação dos cinco antiterroristas cubanos presos injustamente há 12 anos nos Estados Unidos.

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