Guantánamo: Barreto fala à Sputnik e em seminário sobre a luta dos povos pela soberania e a paz

Participando do 5º Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras em Guantánamo, Cuba, o presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) Antônio Barreto deu uma entrevista à agência russa Sputnik nesta sexta-feira (5), alertando para a iminência de uma guerra generalizada provocada pela ofensiva estadunidense. No seminário e na entrevista, Barreto reforçou a necessidade de mobilização para combater as ameaças imperialistas.

“Os lutadores pela paz defendem o fim das bases militares estrangeiras. Apostamos em uma ampla campanha, principalmente neste momento em que estamos à beira de um conflito militar de grandes proporções, que pode incluir o uso de armas atômicas na península coreana,” disse Barreto à Sputnik, referindo-se em particular à presença de forças e navios de guerra e à política ofensiva estadunidense contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC).

Neste sentido, ressalta o presidente do Cebrapaz na entrevista, iniciativas como o seminário em Guantánamo são fundamentais para conscientizar os povos do perigo que as bases militares estrangeiras representam, e de que os EUA são o principal referencial de uma política intervencionista com grandes investimentos no setor militar de outros países.

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Barreto enfatiza, citando as mais de 800 bases estadunidenses espalhadas pelo mundo: “O atual governo dos EUA, liderado por Donald Trump, não tende a reduzi-las; pelo contrário, constrói novas bases, particularmente aqui em Nossa América.” Leia a íntegra da entrevista (em espanhol).

A fala do presidente no seminário, realizado entre 4 e 6 de maio, pode ser lida integralmente a seguir:

V Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras
Guantánamo, Cuba | 4 a 6 de maio de 2017
Contribuição do presidente do Cebrapaz, Antônio Barreto

Queridos amigos e amigas, companheiros do MovPaz, do ICAP e todas as entidades, e os cubanos valentes que nos recebem em Guantánamo,
Companheiros do Conselho Mundial da Paz e organizações parceiras,

É uma honra e uma expressão do nosso compromisso irredutível com uma campanha global para a abolição das bases militares estrangeiras, postos de ameaça e agressão do império contra os povos, participar neste seminário e somarmos a esta luta desde Guantánamo.

Aqui primeiramente expressamos nossa solidariedade com o povo irmão de Cuba e Guantánamo em sua justa luta contra a presença militar dos EUA com sua base e centro de tortura e infâmia, uma grave ofensa contra toda a humanidade.

O Cebrapaz está determinado na campanha e a ação reiterada e firme contra instalações e aparatos que servem os planos imperialistas dos EUA, seus aliados europeus e, aqui na América Latina, as oligarquias servis prontas a fornecer os seus serviços ao seu patrão do norte.

Vivemos em uma época de intensificação da nossa luta contra a guerra em todo o mundo, da África, Ásia, Oriente Médio e Leste Europeu até a América Latina, onde em 2014 os bravos líderes de um processo de afirmação soberana e integração solidária comprometeram-se com a proclamação desta como uma zona de paz.

Ainda assim, muitos países continuam a abrir as portas à presença imperialista. Colômbia, por exemplo, ao longo de décadas, tem sido uma porta de entrada para as políticas militaristas e belicistas dos EUA na região, com base no massacre de insurgentes colombianos há mais de 50 anos, sob a brutalidade da repressão, do terrorismo de Estado e do para-militarismo, com o apoio e a promoção dos Estados Unidos. Além disso, a Colômbia tem cerca de 10 bases dos EUA e abriga possivelmente armas nucleares, conforme relatado pelo companheiro pesquisador Atílio Borón, enquanto o Peru tem quase o mesmo número de bases.

Denunciamos também a instalação de bases militares na Argentina após a eleição de Mauricio Macri na onda reacionária e persecutória da presidente Cristina Kirschner e do projeto progressista no país. Simtomático é que, como na Argentina, que anunciou duas novas bases para o uso estadunidense em regiões estratégicas – uma no Ushuaia e outra perto da fronteira com o Brasil e o Paraguai e o Aquífero Guarani – no Brasil, depois do golpe reacionário de 31 agosto de 2016, um golpe de Estado conservador e realizado por forças subservientes aos EUA, também se tenta retomar as negociações para a entrega da base espacial de Alcântara, posto de parte por Lula em 2003.

A entrega de Alcântara aos EUA significa a nossa perda de soberania sobre a base e de autonomia sobre nosso programa espacial e de autoridade sobre nossos próprios interesses nacionais, submetidos aos do império, quanto a acordos com outros países para o avanço tecnológico do setor. Isso é inaceitável!

É claro que a afirmação de nossa soberania, que os projetos de integração regional soberana e solidária, o desenvolvimento independente e popular, não estão em conformidade com os planos do império para a região. Por isso as quase 80 bases militares na América Latina e no Caribe e mais de 800 em todo o mundo, ameaçando os povos em todos os continentes. Por isso os EUA espalham pelos oceanos suas frotas de guerra e ameaça, envolvendo tantos países em seu teia imperialista através de máquinas de guerra como a OTAN.

Mas também é porque o império está ciente da força dos povos quando eles estão unidos em defesa da sua soberania e em solidariedade e fraternidade contra a opressão e exploração.

Por isso, o Cebrapaz soma-se aos movimentos de todo o mundo em defesa da soberania das nações e dos povos, a justiça e a paz. Somamo-nos também à demanda de retirada imediata da base militar e centro de tortura estadunidenses do território de Guantánamo ocupado contra a vontade expressa do povo cubano.

Não aceitamos retroceder s ou aceitar a imposição da guerra ou da ameaça. Juntos, resistimos e continuamos lutando pela abolição das bases militares estrangeiras!

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