O Comitê Nacional Argelino de Solidariedade ao Povo Saaráui organizou a 6ª Conferência Internacional sobre o Direito dos Povos à Resistência: O Caso do Povo Saaráui, realizada em Argel, nos dias 30 e 31 de março. Cerca de 100 pessoas de 53 países da África, América Latina, Mundo Árabe e Europa participaram. O tema central do encontro foi demanda pelo cumprimento do compromisso internacional com a autodeterminação do povo saaráui.
O presidente da República Árabe Saaráui Democrática (RASD) e secretário-geral da Frente Popular para a Libertação de Saguía el-Hamra e Río de Oro (Polisario) — a representante do povo saaráui a nível internacional — Brahim Gali afirmou que a conferência foi uma oportunidade para renovar o compromisso e a solidariedade com a luta, de acordo com a agência Sahara Press Service.
Gali disse ser “inaceitável ver que as Nações Unidas, que são diretamente responsáveis pela zona de conflito no Saara Ocidental, não fizeram nada para a proteção e monitoramento dos direitos humanos”, referindo-se sobretudo às graves violações denunciadas pelos saaráuis que vivem sob a ocupação militar marroquina.
Uma das campanhas mais firmes dos saaráuis é pela inclusão de uma função de monitoramento e proteção dos direitos humanos ao mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (MINURSO), presente no território para organizar a consulta há já quase 27 anos.
Mesmo desprotegidos, diz a reconhecida ativista Aminetu Haidar na conferência, “o povo saaráui continuará com sua resistência pacífica, custe o que custar, sua determinação seguirá incansável até que se alcance a liberdade e a independência.”
Aminetu enfatizou que “a perseguição, a repressão e a tortura sofridas pelo povo saaráui por parte do ocupante marroquino não (nos) impedirá de insistir na resistência.” Ela também chamou atenção para a situação dos prisioneiros políticos saaráuis, alguns dos quais têm realizado uma greve de fome pelas condições do encarceramento e pela irregularidade dos processos judiciais realizados pelo Marrocos.
Membro do Congresso Nacional Africano (ANC), o sul-africano Zwelivelile Mandela, neto de Nelson Mandela, apelou ao Conselho de Segurança da ONU “para que assuma suas responsabilidades morais e jurídicas com o povo saaráui e estabeleça uma data para a celebração do referendo de autodeterminação.”
Citado pela Sahara Press Service, Zwelivelile Mandela recordou a resolução 1514 de 1960 da Assembleia Geral, que adota a Declaração sobre a Concessão de Independência a Países e Povos Coloniais, afirmando que a ONU deve assumir sua responsabilidade com a autodeterminação do povo saaráui.
Para mais informações sobre o Saara Ocidental, consulte o dossiê do Cebrapaz.
Com informações e imagens de Sahara Press Service,
CEBRAPAZ