O coordenador do Cebrapaz no Distrito Federal, Marcos Tenório, está participando de vários eventos em solidariedade ao povo do Saara Ocidental na região do campo de refugiados de Tindouf, na Argélia. Desde o início da semana, Tenório participou da Maratona do Saara Ocidental, do Festival Saaraui de Cultura e de diversas reuniões com lideranças locais, inclusive com o primeiro-ministro da República Árabe Saaraui Democrática, Abdelkader Taleb Omar.
O Saara Ocidental continua ocupado pelo Reino do Marrocos. Em 1976, após a retirada da Espanha, a potência colonial até então, a região foi ocupada pelos Marrocos e pela Mauritânia, que depois se retirou, mas o processo de descolonização foi suspenso. Desde 1973, a Frente Popular para a Libertação de Saguia el Hamra e Rio de Oro (Polisario) já lutava contra o colonialismo espanhol, e hoje continua à frente da causa saaraui contra a ocupação marroquina.
Inúmeras resoluções da ONU invocam a autodeterminação do povo saaraui, mas a questão segue sem avanços, com violações massivas dos direitos humanos como uma constante do tratamento dispensado pela ocupação marroquina aos saarauis.
Tenório representa o Cebrapaz, a convite da Frente Polisario, na Maratona e no Festival Saaraui de Cultura, transmitindo a solidariedade brasileira ao povo saaraui na abertura dos eventos e da Conferência de Cultura. No fim de semana (22/2), o coordenador jantou com o embaixador da República Árabe Saaraui Democrática (RASD) no Brasil, Mohamed Zrug, com o ministro saaraui do Esporte, Mohamed Moulud e com o encarregado de projetos esportivos com crianças saarauis, Mohamed Lamim. No dia seguinte, os saarauis organizaram uma manifestação contra as atividades ilegais do reino marroquino nas zonas ocupadas, onde são impedidos de protestar.
Marcos Tenório reuniu-se com o primeiro-ministro da RASD, Abdelkader Taleb Omar
Tenório afirmou que “a solidariedade internacional é um destacamento invisível do povo saaraui. A luta desse povo é também nossa, porque é por sua autodeterminação, pelo respeito à sua cultura e tradições, pela paz.” O coordenador também foi convidado pela Frente Polisario a participar do ato político na data nacional, 27 de fevereiro, quando a RASD foi declarada, em 1976.
O coordenador do Cebrapaz-DF recebeu uma medalha artesanal feita de cerâmica pelos jovens saarauis
Tenório visitou ainda o “Muro da Vergonha” com 2.700km de extensão erguido pelo Reino do Marrocos, com apoio financeiro e técnico dos EUA, da França e de Israel, para separar o território ocupado militarmente após a retirada da Espanha.
Os territórios saarauis são ricos em minerais, petróleo e gás, e no território ocupado encontra-se a maior reserva mundial de fosfato. O “Muro da Vergonha” divide os 160.000 refugiados saarauis que estão na Argélia das suas famílias no território controlado pelo Marrocos, que mantém mais de 120.000 soldados em diversas instalações militares. Além das tropas e dos tanques, milhões de minas terrestres cercam o muro.
Em encontro com o ministro da Juventude e Esportes, Mohamed Moulud, e com o secretário de Organização da Frente Polisario, Salem Lebsir, o tema foi o movimento de solidariedade ao povo saaraui o esforço para que o Brasil reconheça a República Árabe Saaraui Democrática e para o estabelecimento de parcerias nas áreas esportiva, cultural e científica, além da busca por ajuda humanitária.
“Dialogamos sobre a ajuda do Cebrapaz e dos movimentos sociais brasileiros para aproximar os governos do Brasil e da RASD, através da realização de convênios em diversas áreas. Tratamos ainda da urgência premente pela ajuda humanitária brasileira ao povo Saharaui, que vive há 40 anos em campos de refugiados,” disse Tenório.
A RASD é atualmente reconhecida por 90 países de todos os continentes. Para o coordenador, “essa é uma bandeira que movimento de solidariedade brasileiro precisa erguer: que o Brasil reconheça a República Árabe Saharaui Democrática!”
Imagens: Marcos Tenório
Do Cebrapaz
Moara Crivelente