É com vigor que o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) vem manifestar seu repúdio às intentonas de golpe que se desenrolam no Brasil, com papel central exercido pela mídia conservadora e pelas forças políticas da direita, que engrossam o caldo dos apelos irrealistas, sem fundamentos, reacionários e antidemocráticos, pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A presidenta foi reeleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos, no processo democrático de um povo que também recupera aos poucos a memória do regime ditatorial imposto através do golpe militar de 1964. O retrocesso e o obscurantismo político são inconcebíveis em um país que há anos logra importantes conquistas socioeconômicas reconhecidas mundialmente e que garantem ao Brasil a posição inédita de ator soberano, respeitado por todas as nações.
As conquistas do povo brasileiro definem a nossa contínua superação de mazelas históricas, determinadas pela exploração escravagista e seus derivados contemporâneos, além das inúmeras formas de ingerência do imperialismo no maior dos seus “quintais”. A América Latina foi cenário de numerosos golpes orquestrados no passado recente pelas mesmas forças, aliadas aos governos e aos serviços secretos dos Estados Unidos.
Rechaçamos qualquer retrocesso que a irrealista tomada do governo pelas forças conservadoras e reacionárias da direita significaria. O Brasil exige e merece mais mudanças, mais conquistas e mais direitos, defendendo nossos maiores recursos e instrumentos na promoção da soberania, como é o caso da Petrobras, atualmente sob pesada ofensiva. Denunciamos a campanha de desmantelamento daquela que é a maior empresa estatal, de caráter tão estratégico para o nosso desenvolvimento soberano, cujas atividades, também premiadas internacionalmente, representam 13% do nosso PIB. Esta campanha, com intenções de privatização, interessa apenas ao capital especulador e estrangeiro, nunca ao povo brasileiro.
Além disso, o achaque contra a mulher, mãe, avó e presidenta é frequente, mesquinho, retrógrado, agressivo e inaceitável num país que se reconhece como uma democracia. Repudiamos veementemente as manifestações abjetas e vulgares contra Dilma, assim como a perseguição midiática e as tentativas de condenação sem julgamento.
O Cebrapaz também soma-se aos trabalhadores, jovens, estudantes, mulheres, negros, indígenas, movimentos LGBT, entre outros, na demanda por mais direitos, mais justiça e pelo rigoroso combate à corrupção. Por isso, exigimos a defesa da democracia, das mudanças já conquistadas e das que ainda conquistaremos. É inconcebível a banalização das nossas maiores vitórias, dada à nossa trajetória histórica, como foi a retirada de mais de 30 milhões de brasileiros da miséria e a nossa saída do vergonhoso mapa da fome, justamente num dos países que mais produzem alimentos no mundo.
Também é aterradora a sombra lançada pela mídia conservadora e a direita sobre as nossas conquistas no âmbito internacional. Sem abandonar as relações com o chamado “mundo desenvolvido”, a voz do Brasil passou a liderar movimentos importantes de emancipação, em parceria com nossos países irmãos na América Latina, África e Ásia, promovendo um sistema internacional alternativo, de igualdade, respeito às soberanias nacionais e de maior representatividade. Mas sabemos que a contestação ao imperialismo e seu projeto de hegemonia global sempre tem custos, e por isso nos colocamos diante do desafio de defender a nossa democracia.
Por isso, o Cebrapaz se soma aos movimentos sociais brasileiros no apelo por unidade nesta luta em defesa do Brasil. As forças patrióticas estão bem definidas, assim como as entreguistas, que não se importam em ver-nos mais uma vez à mercê das potências imperialistas e do Fundo Monetário Internacional. Não aceitaremos o retrocesso e continuamos apoiando a demanda popular pelas reformas estruturais democráticas, na esperança de superar um sistema político desigual e um sistema de comunicação que não representa a população brasileira, apenas os interesses das elites e do império.