No ano em que o Saara Ocidental completa o seu 40º aniversário em luta contra a brutal ocupação marroquina, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) expressa sua solidariedade determinada ao povo saaraui, empenhado em sua libertação. Da mesma forma, expressamos nossa preocupação com a escalada da violência e o nosso repúdio à ocupação e à completa falta de avanços na questão saaraui, o que recoloca a possibilidade de luta armada e a legítima resistência saaraui.
Saarauis manifestam-se durante o Fórum Social Mundial na Tunísia, em 2015.
Foto: Cebrapaz/Moara Crivelente
A Frente Polisario, representante do povo saaraui, deixou as armas para investir nos diálogos com o Reino do Marrocos ainda no início dos anos 1990, quando o cessar-fogo e um referendo ficou acordado para decidir o futuro do Saara Ocidental. Até hoje, o Marrocos não cumpriu sua parte e não realizou o referendo, conforme a resolução 690 (1991) do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que estabeleceu também uma missão de observação da ONU para este fim, a Minurso.
Até hoje, a presença da Minurso, que não tem o mandato restrito à realização do referendo, mas também foi criada para observação do cessar-fogo e da redução de tropas marroquinas no Saara Ocidental, não garante a segurança dos saarauis, sujeitos à repressão e à perseguição por parte do governo marroquino, enfrentando um muro de quase dois mil quilômetros, cercados por milhares de minas terrestres e soldados, ou vivendo em campos de refugiados na vizinha Argélia.
Além disso, 13 prisioneiros políticos saarauis protestam contra o seu cárcere em greve de fome. Eles são parte de um grupo preso ainda em 2010, condenados a duras sentenças pelo governo marroquino (de 20 anos de prisão a penas perpétuas), que desmantelou à força, quando deixou um rastro de morte, o acampamento de protesto Gdeim Izik.
Desde que a potência colonial, Espanha, se retirou do Saara Ocidental, ainda na década de 1970, os saarauis sofrem na pele outra ocupação, lutando por seu país, o último país africano a ser descolonizado.
Expressamos nossa solidariedade com os saarauis refugiados na Argélia, impedidos de retornar, enfrentando condições desafiadoras.
Respaldamos o povo saaraui na demanda pelo alargamento do mandato da Minurso para a observação da proteção dos direitos humanos, sistematicamente violados pela ocupação marroquina, enquanto demandamos a realização, finalmente, do referendo, com 15 anos de atraso.
Pelo fim da ocupação marroquina e pela dignidade do povo saaraui,
Pela libertação do Saara Ocidental!
Socorro Gomes,
Presidenta do Cebrapaz