É com pesar e revolta que o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) recebe a notícia da morte do líder sindical saaraui Brahim Saika, nesta terça-feira (19 de abril), em prisão marroquina. Saika estava preso desde o início do mês e em greve de fome, protestando, com seus companheiros também presos políticos, contra a sua detenção e a tortura que vinha denunciando.
O líder sindical foi detido na cidade em que vive, Gulemin, quando promovia um protesto para denunciar as condições dos saarauis desempregados em território marroquino. Detido, Saika foi torturado por horas e, realizando um protesto através da greve de fome, não recebeu a atenção médica necessária para preservar sua vida, denunciou a Frente Polisario. Além disso, a Frente denuncia a renúncia das autoridades marroquinas em realizar uma autópsia, apesar do pedido da família.
Saika também foi ativo na mobilização dos saarauis contra a ocupação marroquina do Saara Ocidental, que já dura quatro décadas. Os ativistas pela libertação do povo saaraui denunciam reiteradamente a sua perseguição pelas autoridades marroquinas, seu encarceramento e maus-tratos por questões políticas e a virulência do Reino de Marrocos contra os saarauis em seus próprios territórios.
Movimentos sociais solidários à luta do povo saaraui em diversos países manifestaram seu apoio a outros 13 prisioneiros políticos em greve de fome por terem sido ilegalmente detidos pelas autoridades marroquinas, sofrerem processos políticos sob acusações falsificadas, com testemunhos forjados e supostas confissões conseguidas através de tortura.
Por isso, o Cebrapaz soma-se aos movimentos sociais na afirmação da sua solidariedade determinada aos prisioneiros políticos saarauis e à luta do povo saaraui contra a perseguição e a ocupação marroquina, por um papel mais efetivo da missão das Nações Unidas no território (Minurso) na proteção dos direitos humanos e pela realização do referendo de auto-determinação postergado desde 1991 pelo Reino do Marrocos.
Pelo Saara Ocidental livre!
Socorro Gomes
Presidenta do Cebrapaz