Conselho da Paz dos EUA visita a Síria e denuncia: não se trata de uma guerra civil, mas de uma guerra de agressão

O Conselho da Paz dos Estados Unidos (USPC), organização membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), integrou uma delegação para observar a situação na Síria, em julho de 2016. O grupo, composto por sete representantes de organizações anti-guerra, de entidades dos trabalhadores, advogados e jornalistas independentes, foi liderado pelo presidente do USPC, Alfred Marder. Em uma entrevista coletiva na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em 9 de agosto, a delegação divulgou suas conclusões sobre a situação no país árabe, há cinco anos atingido pela agressão imperialista.

A visita da delegação foi autorizada pelo governo do presidente Bashar Al-Assad, que tem sido o alvo das investidas do imperialismo estadunidense e europeu desde 2011, acusado constantemente de sustentar um “regime ditatorial” e que, por isso, “deve ser deposto”. O CMP tem se dedicado a expor a desinformação na qual se baseia a propaganda dos meios ocidentais de comunicação e da liderança dos EUA e da União Europeia. O objetivo é a desestabilização regional, contando com cúmplices no Oriente Médio como a Arábia Saudita e a Turquia e instrumentalizando grupos terroristas, como o que se tornou o auto-intitulado “Estado Islâmico”.

Cinco anos de destruição e massacre na Síria devastaram o país, embora o povo sírio continue resistindo. Entre 2011 e 2016, estima-se que cerca de 250 mil pessoas tenham sido mortas e mais de nove milhões tenham sido forçadas a se deslocar internamente ou a buscar refúgio fora do país, atravessando fronteiras inseguras em condições extremamente precárias, na maior crise humanitária deste século.

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O grupo conversa com a Reitoria da Universidade de Damasco,
em 27 de julho de 2016. Foto: Sana

A “missão de averiguação dos fatos” das organizações estadunidenses durou seis dias e foi encerrada em 30 de julho. Sua importância foi enfatizada pelo representante da Síria na ONU, Bashar al-Jaafari, na coletiva de imprensa que apresentou as “informações genuínas” trazidas pela delegação aos jornalistas na sessão.

O presidente do USPC destacou ser “evidente para nós, ao longo dos vários anos, que o que ouvíamos e líamos na imprensa estava obviamente confundindo o povo estadunidense.” Marder reiterou, como têm feito constantemente os membros do CMP, que o mesmo padrão aplicado na Síria é o aplicado a outros países, onde “a liderança é demonizada, usada como uma desculpa para intervir nos assuntos internos [nacionais].”

O USPC é um firme defensor da Carta das Nações Unidas, garantiu o seu presidente, na coletiva de imprensa. “Com grande respeito pela soberania de todos os países, respeitando os direitos dos povos daqueles países a determinar seus próprios destinos, nossa opinião foi a de que tínhamos que estabelecer contato com o [restante] movimento da paz dos EUA e pedir que participassem de uma delegação [numa visita] à Síria, para que vissem por si mesmos o que acontece, para que falassem com funcionários do governo e com a sociedade civil, para tentarem determinar, por si mesmos, independentemente, a situação na Síria e o caminho para a paz. Essa é a nossa responsabilidade, a de estabelecer contato, primeiro, com o movimento da paz, e também com o povo estadunidense.”

“A delegação encontrou-se com variadas organizações da sociedade civil, com forças de oposição não-violenta e partidos, líderes muçulmanos e cristãos, estudantes, líderes empresariais, vítimas da guerra e da violência, membros da Associação Síria de Advogados, ativistas pelos direitos das mulheres, parlamentares de diferentes partidos políticos e altos funcionários do governo, além de realizar uma reunião de quase duas horas com o presidente Bashar Al-Assad,” conta o USPC.

Em sua página na internet, a organização relata que a delegação ficou “profundamente impressionada com a unidade e a determinação do povo sírio a defender o seu país e sua soberania, com sua rejeição aos esforços de dividir a população em linhas sectárias, e com sua firme ênfase no fato de que o que está acontecendo na Síria não é uma guerra civil, mas uma invasão imposta do exterior,” uma agressão.

De acordo com a resolução adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1973, “agressão é o uso da força armada por um Estado contra a soberania, integridade territorial ou independência política de outro Estado, ou de qualquer forma incompatível com a Carta das Nações Unidas, tal como decorre da presente definição.”

O USPC está empenhado na divulgação das conclusões da delegação, combatendo a narrativa ainda predominante nos Estados Unidos e em grande parte do mundo sobre a guerra contra a Síria. Os membros do CMP têm reiterado frequentemente sua solidariedade ao povo sírio na defesa da sua soberania e na denúncia contra a atuação imperialista, que avança contra a região para promover os interesses geoestratégicos estadunidenses e europeus, em conluio com seus aliados regionais.

Cebrapaz

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