Maduro denuncia “intolerância ideológica” da Cúpula das Américas e planos contra eleições venezuelanas

O presidente Nicolás Maduro denunciou no domingo (15) tentativas de sabotar as eleições presidenciais de 20 de maio na Venezuela. Maduro, que falou em transmissão de rádio e televisão sobre o tema, disse que as provas serão apresentadas em breve. Em declaração emitida no sábado (14), ao fim da Cúpula das Américas, um grupo de países (em que Michel Temer incluiu o Brasil) arremeteu contra o governo venezuelano, no âmbito da constante ingerência nos assuntos internos da nação.

Presidente venezuelano Nicolas Maduro discursa em uma sessão da Assembleia Nacional Constituinte

Os representantes de 16 dos países na 8ª Cúpula das Américas no Perú (encontro de que a Venezuela foi arbitrariamente excluída) emitiram no sábado (14) mais uma declaração contra o governo de Maduro sobre uma alegada preocupação com a situação no país. Entre os pontos do texto, o grupo de assinantes apela por mais medidas internacionais “para o restabelecimento da democracia na Venezuela”.

A nota é assinada por Argentina, Bahamas, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia e o vice-presidente dos Estados Unidos.

Reagindo ao teor das reiteradas investidas contra o governo bolivariano, Maduro disse que, para enfrentar a ofensiva, é necessário contar com um povo consciente da necessidade de mobilização nacional e denunciou a “intolerância ideológica e política” da Cúpula das Américas. Ademais, o encontro não surtiu resultados importantes e centrou-se na ofensiva contra o governo bolivariano, como apontado por Maduro e analisado pelo especialista Diego Olivera Evia, em entrevista para a HispanTV:

“Eu tenho a forma de destruir esse plano e essa fórmula sagrada, milagrosa, única, invencível se chama a consciência do povo venezuelano, povo informado e mobilizado”, afirmou, de acordo com a Agência Venezuelana de Notícias. Uma das frentes mais importantes dessa mobilização é precisamente o rechaço à virulenta guerra midiática contra o governo e a Revolução Bolivariana, alimentada pela oligarquia nacional e as forças conservadoras regionais, com apoio direto dos Estados Unidos.

Maduro fez um chamado a todos os movimentos sociais a ganhar “a batalha da paz e da participação eleitoral de 20 de maio. Vamos ganhar a batalha nos lares, centros de trabalho, no Facebook, no Twitter, nas ruas. Vamos ganhar a batalha de 20 de maio, que é ganhar o direito à paz e à recuperação da prosperidade econômica”.

“Vamos preparar-nos, homens e mulheres, por cima da guerra econômica que farão nas próximas semanas, nós temos uma forma de responder, com a grande vitória da democracia venezuelana em 20 de maio”, enfatizou.

Para a Cúpula das Américas, que decorreu em 13 e 14 de abril, em Lima, o presidente da Argentina, Maurício Macri, promoveu um documento que avançasse mais restrições contra o governo venezuelano e Michel Temer defendeu que a Organização dos Estados Americanos (OEA), foro de avanço da agenda neoliberal e de ingerência dos EUA nos países do continente, assumisse o papel. Macri afirmou ainda que a Argentina não reconhecerá os resultados das eleições venezuelanas.

Já Temer voltou a bater na tecla do “retorno à democracia” na Venezuela e a tratar da crise no país vizinho como motivo de os venezuelanos emigrarem para o Brasil. Desde que Temer assumiu o governo após o golpe de estado de 2016, a Chancelaria brasileira emitiu inúmeras declarações contra o governo de Maduro sob o pretexto da “ruptura democrática”.

Cebrapaz