Um Ato em Solidariedade ao Povo Palestino foi realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta terça-feira (10). O evento foi promovido pela Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) com as bancadas bancadas do PT, PCdoB e PSOL e o apoio de cerca de 20 entidades, inclusive o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), representado pelo presidente Jamil Murad e o secretário-geral José Reinaldo Carvalho. A FEPAL exibiu um vídeo sobre a origem do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino (veja no fim da matéria).
Ato na ALESP. Foto: FEPAL
Na mesa do ato, presidida pela deputada Beth Sahão (PT), estavam, entre outros, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, o presidente da FEPAL, Ualid Rabah, o secretário-geral da Confederação Palestina da América Latina e do Caribe (COPLAC), Emir Mourad, e o presidente do CEBRAPAZ, Jamil Murad.
De acordo com a FEPAL, participaram do evento cerca de 100 pessoas, membros da comunidade árabe, palestinos e palestinas em diáspora, refugiados, militantes e lideranças de diversas organizações. O ato teve por ímpeto o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, celebrado anualmente em 29 de novembro, data histórica no movimento de libertação nacional.
Em dezembro de 1977, a Assembleia Geral das Nações Unidas definiu a celebração anual através da resolução 32/40 B, escolhendo a data em que, 30 anos antes, em 1947, aprovara uma resolução determinante na história da Palestina, a resolução 181(II), promovendo a sua partilha em dois Estados, “um árabe” e “um judeu”. Abriu-se assim a nova etapa da colonização da Palestina, duas décadas depois totalmente ocupada pelo Estado de Israel, em seu projeto de expansão colonial sionista, situação que se mantém e agrava exponencialmente.
Unidade na luta pela libertação palestina
“Um firme chamado à união dos movimentos e agendas, proferido pelo ex-deputado e hoje assessor parlamentar da Casa, Salvador Khuriyeh, deu início às manifestações. Da tribuna, ele defendeu que grupos distintos, mas que compartilham afinidades – como a defesa dos direitos humanos e da justiça social – coloquem divergências de lado para buscar novos e significativos resultados”, relata a página da FEPAL.
A entidade informa ainda da presença de líderes religiosos islâmicos e da Igreja Católica Ortodoxa, pesquisadores e estudantes, representantes de organizações feministas, de movimentos sociais e populares, de centrais sindicais e demais entidades de classe, o que demonstra a amplitude da causa palestina.

O presidente da FEPAL, Ualid Rabah falou de um dos principais efeitos catastróficos da ocupação e colonização sionista da Palestina por Israel, que é o número de refugiados palestinos hoje dispersos pelo mundo, estimado em quase seis milhões de pessoas. Também mencionou massacres que ficaram para a história da região por sua brutal dimensão, como o massacre de refugiados perpetrado em conluio com as falanges libanesas em Sabra e Shatila, no Líbano, e os perpetrados na atualidade.
Para Ualid Rabah, mesmo remetendo a “um erro histórico da ONU”, o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestina deve ser uma oportunidade “para que se difunda, no maior número possível de canais, a realidade de abusos e violações que o povo palestino vem sofrendo desde então”.
“É a solidariedade de cada homem e de cada mulher de bem deste mundo que faz com que a causa palestina continue resistindo e que nós não permitamos que o mais grave aconteça. E o mais grave, por incrível que pareça, não é o desaparecimento do DNA de cada palestino se a limpeza étnica se concretizar, o maior drama é se este experimento triunfar como modelo. Se a Palestina desaparecer, para que estrangeiros se instalem no lugar de um povo ancestral, qual será o próximo genocídio?”, indagou.

A página da FEPAL cita ainda o embaixador Ibrahim Alzeben, que saudou a “consciência solidária” dos que participaram do ato que, como outras formas de apoio, servem para renovar as esperanças de todos aqueles que lutam pela soberania da Palestina.
O embaixador endossou o apelo por unidade e, afirma a FEPAL, “aproveitou para reforçar alguns dos ideais que qualificam o direito do povo palestino à autodeterminação e à criação de um Estado independente e autônomo.”
Criticou também o acordo promovido pelo governo estadunidense: “Sim, nós lutamos por prosperidade, mas não sem deixar de lutar para recuperar o papel deste povo na sua história de mais de 10 mil anos. Nossa luta é por nossa dignidade, por nossa soberania. Não aceitamos a prosperidade como suborno”, disse. “O nosso povo segue resistindo, não claudica, não se rende. Se esperam que o povo palestino levante a bandeira branca, melhor que esperem sentados”.
Cultura e ação pela Palestina

A FEPAL relata ainda que o ato expôs aos participantes a mostra Palestina: fragmentos de uma história de fotografias do repórter Christian Rizzi, que deve lançar o documentário que produz em cooperação com Jean Carlos Oliveira, Waldson Dias e Marcelo Freire sobre a Palestina em fevereiro de 2020, e um livro de crônicas sobre sua visita.
A entidade árabe exibiu também seu vídeo sobre o significado da Resolução 181 e lembrou os 15 anos da morte do líder da luta nacional, Yasser Arafat, e os 32 anos da Primeira Intifada, o levante popular palestino de protestos reforçados em 1987 contra a ocupação israelense.
ENTIDADES PARTICIPANTES DO ATO
– Academia Árabe-Brasileira de Letras
– ARBIB – Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil
– AVESP – Associação de Ex-vereadores de São Paulo
– Bibli-ASPA Centro de Cultura e Pesquisa
– CEBRAPAZ – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz
– Centro Islâmico do Brasil
– CMP – Central dos Movimentos Populares
– Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP
– CONDEPE – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo
– Consulado Geral de Cuba
– Consulado do Reino Hashemita da Jordânia
– COPLAC – Confederação Palestina da América Latina e do Caribe
– CUT-SP – Central Única dos Trabalhadores
– Fearab-SP – Federação de Entidades Árabes Brasileiras do Estado de São Paulo
– Marcha Mundial das Mulheres
– MNDH – Movimento Nacional de Direitos Humanos
– OCLAE – Organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes
– SOF – Sempreviva Organização Feminista