Prisioneira palestina Khalida Jarrar foi impedida de participar do funeral da filha, Suha Jarrar

A jovem palestina Suha Jarrar, de 30 anos, foi encontrada morta em sua casa no domingo (11), após sofrer um enfarte. Suha foi uma incansável defensora dos direitos do seu povo e trabalhava como pesquisadora em questões jurídicas na organização palestina de direitos humanos Al-Haq, em Ramallah. Desde então, palestinos e solidários em todo o mundo demandaram a Israel que libertasse a sua mãe, a parlamentar palestina e prisioneira política Khalida Jarrar, para participar do funeral, mas Khalida foi impedida.

O obituário de Suha, na página da entidade Al-Haq, homenageia uma jovem comprometida com a causa do seu povo e lista seus mais recentes contributos nesta frente, com várias publicações e relatos das suas participações em fóruns internacionais. Da sua cela na prisão militar israelense de Damon Khalida Jarrar enviou uma declaração enquanto centenas de pessoas participaram do seu funeral na terça-feira (13), de acordo com a rede internacional de solidariedade com os prisioneiros palestinos Samidoun.

“Das profundezas da minha agonia, abracei o céu da nossa pátria através da janela da minha cela na Prisão de Damon, Haifa. Não se preocupe, minha menina. Continuo altiva e resiliente, apesar das algemas e do carcereiro. Sou uma mãe em luto, desejosa de vê-la uma última vez,” escreveu Khalida. “Tudo o que eu queria era poder dizer um último adeus à minha filha, com um beijo em sua testa, e dizer-lhe que a amo tanto quanto amo a Palestina.” E continua: “Sua ausência é abrasadoramente dolorosa, excruciante. Mas eu continuo resistindo e firme, como as montanhas da nossa amada Palestina.”

Khalida Jarrar está presa desde 2019 e deve ser liberada em setembro. Khalida é perseguida por sua militância na defesa dos direitos dos prisioneiros políticos palestinos e é acusada de pertencer a uma “organização banida” por Israel, a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). A FPLP é parte central do movimento de libertação nacional palestino e um partido político que integra a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), por sua vez reconhecida por Israel desde os anos 1990.

Embora tenha sido detida em 2019, Khalida só foi julgada e condenada a uma sentença de prisão de dois anos em março de 2021, por uma corte militar israelense. A parlamentar palestina tem sido detida com frequência por sua militância em compromisso com a causa palestina. Quando foi levada de sua casa durante uma invasão domiciliar por cerca de 70 soldados israelenses, Khalida havia sido liberada de outro período de prisão oito meses antes. Detida em 2017, enquanto se preparava para lecionar na Universidade de Birzeit sobre direito internacional e a causa palestina, passou 20 meses sob detenção administrativa (sem acusação ou julgamento), quando mais de 275 organizações apelaram, através de uma demanda internacional, pela sua liberação, de acordo com Samidoun.

Em 2014, Jarrar derrotou a tentativa de Israel de forçá-la a se mudar de El-Bireh, próxima de Jerusalém, para Jericó. Poucos meses depois, em abril de 2015, ela foi detida pelas forças israelenses e mantida sob “detenção administrativa”, até que após uma campanha internacional pela sua libertação, Israel realizou o julgamento numa corte militar, com 12 acusações baseadas em sua atividade política, inclusive proferir discursos em apoio aos prisioneiros palestinos, de acordo com Samidoun. Ela foi presa por 15 meses, liberada e detida novamente em 2017.

Khalida Jarrar é uma parlamentar feminista que tem defendido a libertação dos prisioneiros palestinos e integrou a Direção Executiva da Associação Addameer de Apoio aos Prisioneiros e Direitos Humanos. Também integra o comitê palestino que apresentou evidências ao Tribunal Penal Internacional sobre os crimes do regime israelense. Sua filha Suha mantinha o compromisso de defesa acirrada dos direitos do seu povo e seu falecimento é notado com grande pesar pelas organizações palestinas, que reforçam a demanda pela libertação de Khalida.