Uma delegação composta pelo Comitê Grego para a Détente Internacional e a Paz (EEDYE), pelo Conselho da Paz do Chipre (CPC) e pela Associação da Paz da Turquia (PA), acompanhada pelo Comitê da Paz de Israel, realizou uma missão de solidariedade à Palestina entre os dias 8 e 13 de agosto de 2014, representando o Conselho Mundial da Paz (CMP), a convite do Comitê Palestino pela Paz e a Solidariedade.
O grupo reuniu-se com diversos movimentos e organizações civis, partidos e representantes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), visitando localidades para avaliar em primeira mão a situação atual na Palestina ocupada. A visita foi realizada durante duas ofensivas de Israel contra os palestinos, uma contra a Cisjordânia e outra contra a Faixa de Gaza, onde mais de 50 dias de bombardeios, suspensos em 26 de agosto, deixaram enorme devastação e mais de 2.150 mortes, majoritariamente entre civis.
Os membros do Comitê palestino Ghassan Abdullah, Daoud Talhoumi e Akel Takaz disseram:
“A Faixa de Gaza palestina, que tem 360 quilômetros quadrados, constitui uma grande prisão a céu aberto, um grande campo de concentração com 1,8 milhão de pessoas, onde o nosso povo vive com uma taxa de desemprego superior a 50% mesmo antes de Israel ter lançado este ataque bárbaro e unilateral contra as pessoas, civis e crianças, destruindo escolas, hospitais, redes elétricas e lares. Isso não poderia ter acontecido não fosse o respaldo completo dos imperialistas dos EUA e seus aliados europeus a Israel.”
Outra reunião foi reunião foi realizada com três membros do Birô Político do Partido do Povo Palestino (PPP): Ghassan Khatib, Rida Awadala e Fadwa Khader, que “enfatizaram sua grande estima pelo CMP e seus membros e deram um relato detalhado sobre a situação da Faixa de Gaza”.
De acordo com os membros do PPP,
“em um mês, Israel lançou 59.200 bombas e morteiros contra Gaza, sete mil desde o ar, 15 mil desde os navios e 36 mil desde tanques. Eles acertaram 13 hospitais e 12 clínicas, matando 16 médicos e enfermeiros; 188 escolas e seis universidades foram atacadas. 152.000 alunos agora não têm escolas e 10 mil estudantes não têm universidades. Até 8 de agosto, o número de mortes era de 1.960, dos quais 453 eram crianças, 79 eram idosos e 256 eram mulheres.”
A delegação também se reuniu com o membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Taisir Khaled, que também agradeceu o apoio do CMP, enfatizando o aprofundamento dos movimentos de solidariedade em todo o mundo, e condenou Israel, que não poderia conduzir essas operações sem o apoio dos EUA e da União Europeia, negligentes frente ao genocídio do povo palestino.
Em Tel-Aviv, o grupo foi recebido e guiado por Aida Touma, membro do Comitê da Paz de Israel e do Birô Político do Partido Comunista de Israel (PCI). Na cidade, a delegação reuniu-se com objetores de consciência israelenses, da organização “Carta dos que se Recusam”, composta principalmente por jovens mulheres e homens (a conscrição é a partir dos 18 anos) e da organização “Combatentes pela Paz”, composta por ex-oficiais e soldados que se recusaram a responder ao chamado aos reservistas.
Em Haifa, a delegação também se reuniu com outros dois membros do PCI, Mohammed Nafaa, secretário-geral do partido, e Mohammed Barrakei, membro do Birô Político e líder do Grupo Parlamentar da Frente Democrática pela Paz e a Igualdade (Hadash), a frente eleitoral bicomunal de árabes e judeus apoiada pelo PCI. Nefaa disse:
“Os palestinos têm estado constantemente na defensiva desde 1948. Eles nunca atacaram ou fizeram mais do que defender seu direito a uma pátria, à liberdade e ao território, ao lado de Israel, enquanto Israel, por outro lado, cometeu muitos crimes, perseguições, tomou terras, um genocídio lento e constante, e a mais recente fase foi o massacre em Gaza. O governo israelense não intenciona discutir uma solução justa e viável e está usando as conversações para ganhar tempo, expandindo suas colônias em volta de Jerusalém e na Cisjordânia. O aumento da colonização em 123% em nove meses é revelador.”
Barrakei recordou a figura histórica do PCI, Tawfik Toubi, que por 41 anos (até 1990) foi parlamentar e um líder no seu partido, e que serviu como vice-presidente do CMP, ressaltando os laços que unem o movimento da paz em Israel ao Conselho.
A delegação visitou ainda o Instituto Emile Touma para Estudos Árabes e Judeus, que, entre outros temas, lida com a questão das armas nucleares de Israel, e também a Iniciativa de Paz Árabe Drusa, dedicada a uma parcela da população palestina em Israel que é inclusive obrigada a alistar-se no Exército, mas cuja maioria prefere enfrentar a prisão por recusar-se.
Entre outros partidos, o grupo conversou com representantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (Abdul Rahim Mallouh e Omar Shada, membros do Birô Político), do Fatah (Nabil Shaath, antigo chanceler da Autoridade Palestina por 14 anos e hoje a cargo das Relações Internacionais do partido; e Abdallah Abdallah, líder-adjunto) e do Hamas, que falou do aprisionamento de centenas de palestinos sem julgamento e das condições abomináveis da detenção. Quase todos os parlamentares da Cisjordânia também foram presos ou detidos. O representante do Hamas ressaltou que o inimigo não são os judeus, mas a ocupação e os colonos. “Nós queremos viver em paz com todos aqueles que vivem nesta terra histórica ou em pé de igualdade, sem discriminação,” enfatizou.
A delegação também teve uma vídeo-conferência por cerca de uma hora e meia com a Faixa de Gaza, com representantes de organizações de massa e suas famílias, que saudaram a delegação do CMP com emoção. Organizações de defesa dos direitos humanos, o órgão de coordenação dos movimentos sociais, a União de Mulheres de Gaza e a Câmara de Engenheiros de Gaza apresentaram dados sobre a crise humanitária. Uma demanda unânime foi feita para que Gaza seja considerada uma área de desastre, como aconteceu com o tsunami. Depois de oito anos de bloqueio e três guerras, a destruição é disseminada.
Recomendações da delegação
– Preparar, publicar e enviar a todos os membros e amigos um relatório abrangente da missão à Palestina;
– Enviar o relatório às agências da ONU para Direitos Humanos, Refugiados, UNRWA;
– Agradecer o Comitê Palestino pela Paz e a Solidariedade e ao Comitê da Paz de Israel por sua preciosa hospitalidade e cooperação;
– Consultar o Secretariado do CMP e preparar uma missão de solidariedade à Faixa de Gaza palestina, incluindo médicos;
– Instar os membros e amigos do CMP a organizar campanhas pela assistência aos palestinos na Faixa de Gaza